A única forma de passar pela dor, é sentindo-a. Nas palavras de Miguel Esteves Cardoso, “a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo”. Isto contraria a tendência que por vezes é tão automática e universal, de contrariar e lutar contra as emoções desagradáveis, e de uma busca incessante e constante por estarmos bem e felizes.
Se alguém está triste, prontamente queremos animá-lo; se vemos a ansiedade manifestar-se noutra pessoa, corremos a tranquilizá-la. E tendemos a fazer o mesmo connosco próprios, acreditando que gerir emoções significa afastar todas aquelas que nos causam desconforto.
No entanto, todas as emoções, mesmo as desagradáveis, têm uma função. Como tal, é importante para a nossa saúde mental que sejamos capazes de aprender a conviver com todas as nossas emoções e a acolhê-las.
A tendência pode ser a de pensar que nada de útil há em estar triste, ou ansioso/a. No entanto, todas as emoções têm uma função importante. Na verdade, as emoções são uma resposta do nosso organismo, tal como o frio é uma resposta. Quando a temperatura baixa, o corpo reage, para que nos possamos proteger e regular a nossa temperatura, por exemplo vestindo um agasalho. De forma análoga, quando perdemos alguém, por exemplo, o organismo reage gerando uma resposta emocional de tristeza, que nos leva a olhar para dentro e a processar essa perda. Ou quando uma ameaça surge na nossa vida, gera-se uma resposta de ansiedade ou medo que nos leva a procurarmos protegermo-nos dessa ameaça.
É útil ficar triste, para podermos ter tempo e espaço para recuperar e pensar naquilo que aconteceu, e também para sinalizar a necessidade de ajuda, apoio e suporte das pessoas que nos rodeiam. É importante sentir medo, para que possamos reagir aos perigos (reais ou percebidos) ao nosso redor, evitando ou reduzindo o dano, ou sinalizando que precisamos de nos preparar melhor para lidar com um desafio. É necessário sentir raiva, para podermos sinalizar e identificar aquilo que nos desagrada e incomoda.
“Mas como é que pode ser positivo sentir ciúme, se isso me leva a discutir com o meu namorado?!” – sentir ciúme é válido, pode sinalizar a insegurança e o medo que sentimos quando algo ameaça uma relação que tanto prezamos. O que fazemos depois em relação a esse ciúme, ou seja, o comportamento, é que deve ser gerido de forma mais construtiva. Não é a emoção do ciúme que me leva a discutir, mas sim a forma como eu vivencio e interpreto essa situação de insegurança e ameaça.
Assim, o sentir é sempre útil e tem um propósito e uma origem, e o importante é a forma como agimos a partir daquela emoção.
O que constitui, então, uma boa gestão emocional? O que devemos fazer quando sentimos o desconforto da tristeza, a inquietação da ansiedade, o incómodo da raiva?
Em suma, ao acolher, compreender e responder de forma construtiva às nossas emoções, cultivamos a inteligência emocional que enriquece o nosso desenvolvimento.. Lembre-se que a gestão emocional saudável não é eliminar sentimentos desconfortáveis, mas sim abraçar a sua complexidade. Ao fazê-lo, fortalecemos a nossa resiliência e encontramos o caminho para o crescimento e autenticidade.
Clínica na Maia
Avenida Padre Manuel Alves Rego, 31
4470-129 Maia
Clínica em Vila Nova de Gaia
Rua General Torres, 1220, Edifício D’Ouro,
Piso 0, Loja 68, campainha A
4400-164 Vila Nova de Gaia
*Chamada para a rede móvel nacional