Com o novo ano, muitas pessoas definem objetivos ou pensam em hábitos que gostavam de mudar ou implementar. No entanto, nem sempre isto corre bem e às vezes chegamos ao final do ano com os mesmos desejos para o ano seguinte, que vamos reciclando a cada ano. O que pode estar a correr menos bem?
Na verdade, existem vários fatores que influenciam o sucesso quando queremos atingir objetivos ou implementar mudanças, nomeadamente de hábitos e comportamentos. Ao contrário do que possamos acreditar, motivação e força de vontade não são suficientes, e há outros fatores chave! Neste artigo, vamos apresentar alguns destes principais fatores e ajudar a compreender como podemos mudar hábitos e atingir objetivos com sucesso.
O processo começa logo antes ainda de termos começado a realizar mudanças. Começa ainda quando estamos a delinear as metas que queremos atingir. Se não soubermos formular objetivos de forma adequada, podemos estar, inadvertidamente, a condenar-nos ao fracasso ainda antes de começar.
Para evitar que isso aconteça, é importante que, quando estiver a delinear os seus objetivos, procure que estes sejam:
Muitas vezes falhamos em fazer determinadas coisas porque queremos fazê-las de uma maneira generalista, ou da mesma forma que outra pessoa faz, sem termos em conta as nossas características pessoais. Se se conhecer bem e conhecer o seu ritmo, os seus interesses, o que o/a motiva, etc., é mais fácil conseguir realizar as tarefas de forma bem-sucedida. Por exemplo, se tendencialmente se sente mais motivado/a a fazer desporto com outras pessoas, pode planear integrar um desporto coletivo em vez de se inscrever no ginásio.
Use a sua própria experiência para se conhecer melhor e analisar o seu próprio padrão de funcionamento. Quando conseguiu atingir um objetivo importante, o que aconteceu? Que fatores contribuírem para isso?
As experiências passadas podem ser fontes valiosas de aprendizagem. Em vez de olhar para erros ou fracassos de forma negativa e autopunitiva, procure vê-los como a forma mais fácil e útil que tem de obter informação pertinente para se aproximar, cada vez mais, do sucesso no atingimento dos seus objetivos.
O que correu menos bem nos objetivos que formulou e não conseguiu atingir? Há metas que têm transitado constantemente de ano para ano? Porquê? O que está a impedir que sejam cumpridas? Será que são realmente importantes e relevantes? Podem ser formuladas de outra maneira? Há obstáculos internos ou externos à sua concretização? A resposta a estas questões pode ajudar a mobilizar soluções possíveis para dar resposta ao problema.
Só percebendo os obstáculos é que podemos anteciparmo-nos a eles, ou seja, criar estratégias e ferramentas para ultrapassar esses obstáculos e, desse modo, não ficarmos bloqueados.
Para isso, procure identificar, por um lado, quais são os benefícios ou recompensas de atingir o seu objetivo e, por outro, quais são os custos ou sacrifícios que tem de fazer para atingir esse objetivo. Por exemplo, se o seu objetivo é “fazer exercício físico 3 vezes por semana” os benefícios ou recompensas podem ser “estar em melhor forma física, ter mais resistência, emagrecer” mas pode ter custos ou sacrifícios como “ficar cansado/a, ter menos tempo para outras coisas, ter de acordar mais cedo”, etc. Compreendendo estes custos, pode criar um plano para minimizar o seu impacto ou para conseguir lidar com eles.
Muitas vezes os custos estão associados a crenças negativas que vamos criando e mantendo. Por exemplo, imagine que o seu objetivo é “ter segurança financeira”. Inconscientemente, pode achar que se tiver segurança financeira se vai acomodar e não se vai esforçar por obter mais, o que fará com que a sua vida não tenha um objetivo ou uma motivação e foco. Sem perceber, essa crença pode estar a bloquear e a formar a autossabotagem para impedi-lo de concretizar esse objetivo.
É absolutamente fundamental percebermos os custos e benefícios e as crenças internas associadas aos nossos objetivos, para conseguirmos reprogramar a nossa mente e quebrar a autossabotagem.
Para tornar o exercício mais fácil, pode fazê-lo tentando completar as seguintes frases:
Planear e organizar-se é fundamental. Se, por exemplo, quer começar a ter hábitos de leitura, mas o seu dia é caótico e a rotina não tem uma estrutura, vai ser mais difícil.
Muitas vezes pode parecer-nos desperdício estarmos a perder tempo em planear as coisas quando as podíamos estar a fazer, mas a verdade é que o planeamento vai tornar a realização das tarefas muito mais simples.
Procure organizar um horário semanal ou mensal, estruturar a sua rotina de acordo com o que faz mais sentido e com o método que melhor se adequar à sua realidade. Se os seus objetivos são uma prioridade, eles devem fazer parte da sua agenda e estar presentes na programação do quotidiano.
Às vezes definimos objetivos que vão demorar algum tempo a ser concretizados, e se não monitorizarmos o progresso, facilmente perdemos a motivação.
Por exemplo, imagine que quer juntar dinheiro para a entrada de uma casa, e que prevê que isso leve dois anos. É importante que possa ir verificando o progresso e a poupança que já conseguiu fazer. Pode colocar metas intermédias, por exemplo mensais, para ir monitorizando o progresso e sentindo também maior motivação pelo atingir de pequenos objetivos, para não depender apenas de uma meta maior e mais longínqua.
Muitas vezes precisamos de um “empurrão” para fazermos as coisas. Assumir um compromisso com os outros pode ser um “empurrão” importante. Assuma com alguém que irá iniciar ou concluir determinada tarefa. Por exemplo, se disser aos outros que vai começar a adotar hábitos alimentares mais saudáveis, vai-se sentir mais impelido a fazê-lo. Se tem um trabalho para realizar, comprometa-se com alguém em fazer a entrega desse trabalho em determinado prazo.
A consistência é a chave de qualquer mudança. Estima-se que um hábito possa demorar cerca de 21 dias a ser implementado, por isso sermos muito consistentes no início vai fazer com que depois aquele comportamento se torne hábito e seja muito mais fácil torná-lo parte da nossa rotina sem grande sacrifício.
Pode também ajudar começar por coisas mais pequenas. Se tem uma tarefa grande em mãos, dividia-a em partes menores e mais simples e comece por aquelas que são menos trabalhosas. Depois de entrar no ritmo vai ser mais fácil passar para as tarefas seguintes.
Por último, mas não menos importante: disciplina. Podemos até considerar a disciplina como uma espécie de ingrediente secreto que deve estar presente e que assegura o processo quando tudo o resto falha. Porque a verdade é que nem sempre vamos ter vontade, não nos vamos sentir motivados todos os dias. E, nesses dias, é a disciplina que nos vai permitir continuar, apesar de tudo. É a disciplina que nos permite saber o que tem de ser feito, e fazê-lo mesmo sem grande vontade intrínseca ou espontânea.
Conjugue todos estes ingredientes para potenciar o sucesso no atingir dos seus objetivos, sem nunca esquecer que muitas vezes o processo é mais importante que o resultado. Além disso, seja firme, mas simultaneamente compassivo consigo mesmo/a, tal como o seria com um/a amigo/a. Atingirmos mais facilmente aquilo a que nos propomos se partirmos de um lugar de empatia, compreensão e curiosidade genuína. Adicionalmente, recorde-se também que acompanhados chegamos mais longe: não se coíba de pedir ajuda e, acima de tudo, invista numa boa rede de suporte e apoio à sua volta!
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