Já deu por si a dizer que sim quando queria dizer não? Sente que acaba, muitas vezes, por fazer coisas que na realidade não queria ou por permitir algo que não desejava? Se sim, este artigo é para si.
Definir limites é uma dificuldade natural, associada à nossa necessidade, enquanto seres-humanos, de estima e de pertença e, por outro lado, da nossa aversão ao conflito e à possibilidade de rejeição. No entanto, se nalgumas pessoas estas dificuldades são geridas de forma equilibrada, para outras podem constituir uma limitação que impacta de formas diversas em várias dimensões das suas vidas.
Neste artigo aprofundaremos os motivos desta dificuldade, apresentando também algumas pistas e sugestões para trabalhar a assertividade.
O amigo que nos pede para lhe emprestar dinheiro, o familiar que nos convida para um evento ao qual não queremos de todo ir, ou um chefe que nos pede para fazer horas extra. São várias as situações nas quais poderíamos desejar dizer não, mas não o fazemos. E, afinal, porquê?
Uma das razões é a nossa necessidade de estima, ou seja, queremos e precisamos que gostem de nós. Se não existir um equilíbrio, o esforço para agradar pode levar-nos a uma anulação individual que coloca em causa o nosso bem-estar.
Outro dos motivos que dificulta a imposição de limites é a forma como aprendemos a relacionarmo-nos e a comunicar. Muitas vezes ao longo da nossa vida aprendemos que temos de ceder, de fazer tudo para sermos uma pessoa “agradável”, que não cria problemas, que não acende conflitos. Deste modo, acabamos por aprender formas de comunicar não tão eficazes, tornando-nos condicionados a determinados medos: medo da rejeição, medo da avaliação negativa por parte dos outros, medo de que não gostem de nós, medo de parecermos ridículos… Sem querer, passamos o controlo para a outra pessoa e submetemo-nos a algo que na realidade não queremos e não desejamos.
Em suma, a dificuldade em dizer não vem de um bloqueio que se vai mantendo por falta de experiência e prática, numa espécie de círculo vicioso: tenho medo do conflito, por isso não imponho limites, e ao não o fazer, não treino as competências sociais que me permitirão comunicar com assertividade em situações e experiências futuras.
Dizer não a outra pessoa é, muitas vezes, dizer sim a si próprio/a. Ou, por outras palavras, honrar as suas próprias vontades, opiniões, desejos. Levar-se a sério. Reconhecer que é uma pessoa com necessidades e posições tão válidas quanto a das outras pessoas.
O respeito e a estima não implicam uma anulação individual, pelo contrário. É preciso, por isso, distinguir egoísmo e agressividade, de autocuidado e assertividade. Egoísta é aquele que apenas tem em conta as suas próprias necessidades, ignorando por completo as do outro. Por outro lado, a assertividade envolve uma valorização tanto das necessidades individuais quanto das necessidades da outra pessoa, com a consciência de que somos primeiramente responsáveis pela garantia das nossas próprias necessidades, e não das necessidades alheias.
Ser capaz de dizer não permite-nos:
Embora, como em tudo, não existam receitas universais e seja preciso olhar para as necessidades individuais, há algumas estratégias que podem ser facilitadoras de uma maior assertividade e capacidade de dizer não.
Primeiramente, é importante compreender a origem das suas dificuldades. A psicoterapia pode ser um processo valioso para ajudar nesta compreensão, na medida em que o/a ajuda a identificar padrões, crenças e a navegar pelas experiências de vida que lhe estão associadas.
De seguida, importa ser capaz de definir objetivos e prioridades: que limites preciso de impor e que são realmente importantes para mim? O que quero e o que não quero? Quais são os meus valores e os aspetos aos quais me quero manter fiel?
Após este processo, procure definir um plano de ação que lhe permita agir de forma coerente com aquilo que estabeleceu, principalmente com os seus valores. Valide e legitime os seus desejos e as suas necessidades.
Algumas dicas práticas que poderão ser-lhe úteis:
Lembre-se: dizer não pode ser dizer sim a mim mesmo/a, e a minha autopreservação constrói-se dentro dos limites que eu decido erguer.
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